sábado, 14 de abril de 2012
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terça-feira, 6 de março de 2012
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sábado, 18 de fevereiro de 2012
Para refletir: Crônica de uma morte anunciada: a sala de aula
Crônica de uma morte anunciada: a sala de aula
Estamos no ano de 2160. Neste ano não existe mais sala de aula .
Antigamente dava-se esse nome a reunião forçada de 30. 40 e 50 crianças ou
jovens entre quatro paredes, havendo em média um espaço de um metro e meio
entre cada um. Esse fato é hoje estudado como se estuda com espanto, as antigas
celas onde ficavam os padres nos mosteiros medievais.Para entender o que era
uma sala de aula, são estudados fragmentos arqueológicos relativos às práticas
realizadas nesses locais. Impressiona-nos hoje a insensibilidade das pessoas da
época que não percebiam ser biologicamente impossível manter a ordem nesses
lugares, tendo organismos tão agitados como crianças e jovens; ser fisicamente
impossível manter a serenidade em pessoas, com a capacidade de gerar e acumular
tanta energia. E nos espantamos mais ainda com o fato de vários locais desse
tipo terem conseguido, por métodos misteriosos e desconhecidos, manter tantas
crianças e jovens parados, assentados e “atentos” por quatro ou seis horas
todos os dias!
Hoje nos perguntamos: o que faziam lá?
Não se sabe ao certo o que faziam nelas. Algumas pesquisas
antropológicas teimam em afirmar que eram dadas aulas: longos discursos de
especialistas ouvidos passivamente pelas pessoas assentadas. Pesquisas recentes
refutam essas teorias. Já foi demonstrado ser impossível a um jovem ficar mais
de uma hora ouvindo alguma coisa sem, ter fortes dores no corpo ou compulsão
irresistível para andar, correr ou pular. Baseados nessas pesquisas, cientistas
políticos defendem a tese de que essas construções de salas eram equipamentos
políticos de controle de massas de jovens, objetivando manter a situação de
grupos dominantes na época.
De qualquer forma, educadores, de modo geral, concordam que essas
estranhas construções podiam servir para vários fins, menos para a educação.
Para um aproveitamento de 30% de um discurso, um jovem necessita participar com
diálogo pelo menos 30% do tempo desse mesmo discurso. O jovem aprende quando
pergunta, critica, refuta, duvida.
Num lugar fechado com mais de 40 pessoas e apenas um discursando, é
impossível que esse índice de aprendizagem ocorra. Dessa forma, se o
aprendizado era abaixo de 30%, esses lugares poderiam ser qualquer coisa, menos
uma sala de educação.
Em outros sítios arqueológicos foram encontrados escombros desse tipo de
instituição com mais de 100 salas. Admite-se que havia instituições que
possuíam mais de 5 mil jovens reclusos, ao mesmo tempo, num período de cinco
horas.
Fragmentos de objetos marcados por símbolos, tidos como forma de
comunicação, mostram que ensinavam rudimentos de Filosofia, destacados como
como especialidades, denominadas Matemática, Física, Química, entre outras.
Especialistas discutem se é possível construir um discurso lógico e inteligível
sobre qualquer uma dessas especialistas sem referencia a outras, como fazemos
hoje nesse saber que chamamos Filosofia. Parece que no século XIX, os saberes
eram isolados, possuindo identidade própria, sem uma referência mútua
explicita.
Sabe-se, por exemplo, que os números, o que na época eram denominadas
Matemática ou Calculo, eram estudados sem a prática da música. É provado que a
música, não era admitida nesses locais com regularidade, pois em pouquíssimas
instituições foi encontrado algum fragmento de instrumento musical.
De qualquer forma, o grande enigma dessas instituições continuava sendo
o que ocorria nas salas. Simulações realizadas nos processadores da realidade
virtual cruzaram variáveis referentes ao clima (clima médio de uma aglomeração
populacional da época, em torno de 30 graus), nível de ruído, energia produzida
e dissipada por 40 jovens de 17 anos, variáveis compartimentais, variáveis
psicológicas e um ponto de referencia , que seria o adulto responsável pelo
discurso.. O resultado visual dessa simulação uma cena em que, no período de
uma hora, esse centro de referencia ( o adulto que fazia o discurso) é
reconhecido por todos ao mesmo tempo, em média, durante apenas 5 minutos. Nos
outros 55 minutos,em média apenas 10% das 40 pessoas reconhecem o adulto como
centro de atenção. Os outros 90% dos ouvintes, em média, olham para outras
coisas, menos para o adulto. Com o passar das horas o adulto fica cada vez mais
esquecido, de tal modo que, na terceira hora, ninguém mais percebe com atenção
a sua existência.
Enfim, a existência de um dispositivo educacional chamado de sala de
aula, no século XIX, é um enigma . Da mesma forma o adulto responsável pelo
discurso aos jovens, o educador, é um mistério. Muitos dizem que não existia
educador na época. Pelos conflitos que a história nos informa, pela
desorganização daquelas sociedades, guerras, degradação ecológica e outros
fatores de degradação social, torna-se efetivamente difícil demonstrar que
havia pessoas exclusivamente dedicadas à educação. Ou, hipótese levantada pelos
filósofos sociais, foi exatamente graças a esses profissionais da educação que
aquelas sociedades não atingiram um estágio de barbárie. Afirmam que foi graças
a eles que a destruição total, que sabemos ter sido possível tecnologicamente
naquela época, não ocorreu.
(Volker, 1998)
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
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